“A constituição de precisão matemática de um cristal desperta em nós o sentimento intuitivo de que mesmo na matéria dita “inanimada” existe um princípio de ordenação espiritual em funcionamento. Assim, o cristal simboliza muitas vezes a união dos extremos opostos – a matéria e o espírito.
  Talvez cristais e pedras sejam símbolos do self tão adequados devido a “exatidão” da sua natureza. Muitas pessoas não resistem ao impulso de apanhas pedras de cor ou forma incomuns para guardá-las, sem saber por que o fazem. É como se as pedras tivessem um mistério vivo que as fascina. Os homens colecionam pedras desde o início dos tempos, e aparentemente admitiram que algumas delas são receptáculos de força vital, com todo o seu consequente mistério.
 Porque apesar de o homem ser, tanto quanto possível, diferente da pedra, o seu centro mais íntimo é, de uma maneira estranha e muito especial, bastante semelhante a ela (talvez porque a pedra simbolize a existência pura, estando o mais possível distanciada das emoções, sentimentos, fantasias e do pensamento discursivo do nosso ego consciente). Nesse sentido, a pedra simboliza a experiência talvez mais simples e mais profunda, a experiência de algo eterno que o homem conhece naqueles fugazes instantes em que se sente inalterável e imortal.”

Marie Louise von Franz
Retirado de “O Homem e seus Símbolos”.

Editado em colaboração com Carl G. Jung.