O Autor
Marcelo Porto Sperb. Nasci em 1992, natural de Novo Hamburgo, Rio Grande do Sul, Brasil. Comecei a me dedicar com seriedade a pintura em 2016. Autodidata, no princípio trabalhava sob comissão como retratista (pintura a óleo). Atualmente, além do retrato, exploro a pintura a favor da expressão, desde o figurativo até a abstração; de desenhos em pequeno formato até a performance artística envolvendo outros artistas. O principal motivo e objeto de trabalho, no entanto, é o indivíduo; os indivíduos - e seus motivos. Uso também da escultura em argila e resina como forma de expressão. Confecciono joias em prata e gemas naturais, de forma totalmente artesanal. Tenho relevante experiência com mosaico e em gravura (xilogravura e serigrafia).
Acredita na soberania do indivíduo como verdade fundamental, logo a subjetividade me fascina, sendo a arte o que a desvela em meio a incontornável necessidade da vida em grupo.
Pesquiso, consumo e pratico diversos meios de expressão artística, em tradição e contemporaneidade. Das Belas Artes até a fotografia, artesanato, moda e design; dança, música, arquitetura, artes visuais, plásticas e cênicas. Pois para mim todas as artes se complementam.
Lenko
Devido ao aprofundamento no estudo da ciência da psicologia, o ímpeto pela expressão artística e a criação passaram a crescer respectivamente. Foi então em 2016 que batizei uma espécie de heterônimo. Lenko representa um conjunto de características que fazem parte do todo como sujeito. Um conjunto específico. Como Álvaro de Campos ou Alberto Caeiro são para Fernando Pessoa. Por isso essa página não contempla todas as minhas criações e estudos e, sim, as criações do Lenko.
Atualmente: Atualmente: Artista plástico e artesão (pintura, escultura, ourivesaria, técnicas mistas) – iniciado na pintura de forma autodidata. Iniciado na cerâmica por Helena C. Sperb e Eduardo Rick Martins. Iniciado na ourivesaria por Carlos Wladimirsky (Ateliê da Prata, Porto Alegre, RS). Iniciado na xilogravura por Cláudia F. Sperb e José Ernani Melo Chaves. Iniciado no mosaico por Cláudia F. Sperb. Fotógrafo publicitário e artístico; Residente fundador do espaço ateliê/estúdio Banca9, Centro, Novo Hamburgo, RS;

SOBRE - por Saaj Mostrado
Lenko seria um dos heterônimos de Marcelo Porto Sperb, nascido e criado em Novo Hamburgo, Rio Grande do Sul, Brasil, desde 1992. Atualmente graduando em Psicologia, o interesse pela produção artística visual teve origem em paralelo com o interesse pela psicanálise.
Com gosto desenvolvido desde tenra idade pelo áudio/visual, principalmente música e mais tarde fotografia, migrara da educação em publicidade e propaganda, pelo desencanto quanto ao lugar da expressão artística no ramo.
Naturalmente obstinado pelos próprios motivos decidira ir fundo na psicologia. Assim floresceu a sensibilidade para com a expressão artística do indivíduo e a capacidade de representação subjetiva dos objetos do mundo para o sujeito. Dentro da ciência o objeto de estudo principal era o indivíduo. A vontade de expressão artística corresponde ao mesmo objeto: o indivíduo. Logo, o interesse pelo retrato. Não é a figura humana, é a unidade humana: corpo, mente e alma. Para alguém cujos mistérios da vida ferem fundo, Rembrandt e Caravaggio foram, dos grandes, as maiores referências no início. Rembrandt pela vivacidade pessoal dos retratados e ao mesmo tempo as cores escuras caracterizando atmosfera dramática e misteriosa. Caravaggio pelo caráter visceral das cenas representadas nas pinturas e também pelas cores escuras. Era o interesse latente pelo Inconsciente; pelo oculto; pelo mistério.
Filho de uma cidade economicamente saudosa, cujos cidadãos representam pleno estado de individualismo acreditara testemunhar sistêmica indiferença interpessoal. Estado dissimulado ou patológico da liberdade individual. Estudante da ciência da subjetividade, no estudo do retrato, em 2015 – início da experimentação artística –, a busca era pela humanização do olhar, pela pessoalidade, em função de decorrente noção de alteridade (natureza ou condição do que é outro, do que é distinto).
A pessoalidade é inseparável do retrato, onde o objeto principal e motivo da obra é o indivíduo ali representado. Porém a inexpressividade do sujeito retratado – elemento principal da obra – alude à impessoalidade pelo artista contestada, estipulando o contraste e a contemporaneidade do trabalho. Em uma era onde uma espécie de autorretrato é, por muitos, habitual (selfie), do indivíduo ao mundo publica-se uma imagem em certo grau conscientemente simulada; um simulacro de desejos, intenções e significantes. – veja-se que aqui não se condena nada disso, apenas aponta-se o fato.
O objetivo do artista aqui é retirar do indivíduo retratado o arbítrio sobre a própria imagem ao mesmo tempo com que evidencia sua inexorável existência como ser humano, que por si só, representa um conjunto de conceitos. Que corpo é aquele? Quem é? Inexpressivo como quando sozinho, diante do espelho, olha no fundo do próprio olho refletido e pergunta: quem és tu?
De 2015 para cá Marcelo segue sendo vários. Mais consistentemente, pelo menos alguns. Esses mais organizados, como o Lenko, vão-se desenvolvendo cada qual com respectivo escopo. Naturalista, abstrato, romântico, realista, surrealista. Talvez se encontram Lenko com Marcelo, eventualmente, por vez. Sabe-se lá quanto tempo leva para a integração do sujeito; conciliação ou reconciliação de todos os graus. Sequer se há tal coisa. "Não penso no destino e, no agora, tenho vontades. Deixo que sejam. Quero tanto. Quero o que têm. Sem ter que optar. Sem 'ter que' e sim 'querer'. Sonhadores nunca aprendem. Sei também que sonho não precisa acabar. Sonhos não dormem. A realidade começa no sonho.
“O que estou tentando fazer é uma estupenda, independente, coerente imagem que nunca houvera sido vista antes. Para fazer algo que é tão descaradamente público quanto extravagantemente novo e estranho, precisa-se de material... e para isso servem todos os temas. Eles não estão lá para suas próprias causas; não estão lá por motivos sentimentais; eles estão lá para alimentar essa nova, independente imagem que se tenta fazer, que se desloca para o mundo como um novo monstro.”
Frank Auerbach
Tate Publishing
“Reciprocamente, toda causalidade – e, por conseguinte, toda matéria, toda realidade – apenas existe pelo entendimento, para o entendimento. A primeira manifestação do entendimento, aquela que se exerce sempre, é a intuição do mundo real.”
Arthur Schopenhauer
"O Mundo Como Vontade e Representação"
“O homem criador é o homem livre, e só na plena realização da sua liberdade ele é criador, porque só há criação onde há liberdade. O exercício da liberdade torna o homem criador, embora não seja ela alcançada por todos, porque não basta dizer aos homens que são livres para que se tornem realmente livres e criadores. Se muitos nunca poderão exercitar a liberdade, a culpa não é da liberdade – essa bela palavra que só deixa de ser palavra quando é praticada e se torna ato –, mas do homem que a teme."
Mário Ferreira dos Santos
Prefácio da tradução de “A Genealogia da Moral” – Friedrich Nietzsche
“O que podemos alcançar por nosso mérito e esforço não pode nos tornar realmente felizes. Só a magia pode fazê-lo. Isso não passou despercebido pelo gênio infantil de Mozart, que, em carta a Bullinger, vislumbrou com precisão a secreta solidariedade entre magia e felicidade: “Viver bem e viver feliz são duas coisas diferentes, e a segunda, sem alguma magia, certamente não me tocará”. Para isso, deveria acontecer algo verdadeiramente fora do natural”.
Giorgio Agambem
Profanações
“Em primeiro lugar a imagem não é uma substância, mas um acidente, que não se encontra no espelho como em um lugar, mas como em um sujeito. Estar em um sujeito é, para os filósofos medievais, o modo de ser do que é insubstancial, ou seja, não existe por si, mas em outra coisa.
Dessa natureza insubstancial derivam duas características da imagem. Não sendo substância, ela não tem realidade contínua, nem se pode dizer que se mova através de um movimento local. Aliás, ela é gerada a cada instante de acordo com o movimento ou a presença de quem a contempla.
a segunda característica da imagem consiste em não ser determinável segundo a categoria de quantidade, em não ser propriamente uma forma ou uma imagem, mas antes a “espécie de uma imagem ou de uma forma”. (...) O fato de ser possível referir-se unicamente a um “hábito” ou a um ethos é o significado mais interessante da expressão “estar em um sujeito”. O que está em um sujeito tem a forma de uma espécie, de um uso, de um gesto. Nunca é uma coisa, mas sempre e apenas uma “espécie de coisa”.
O termo species, que significa “aparência”, “aspecto”, “visão”, deriva de uma raiz que significa “olhar, ver”. A imagem é um ser cuja essência consiste em ser uma espécie, uma visibilidade ou uma aparência.”
Giorgio Agambem
Profanações
“O conhecimento submetido ao princípio da razão constitui o conhecimento racional, só tem valor e utilidade na vida prática e na ciência: a contemplação, que se abstrai do princípio da razão, é própria do gênio; ela só tem valor e utilidade na arte. O primeiro assemelha-se a uma violenta tempestade que passa, sem que lhe conheça nem a origem nem o fim, e que curva, agira, arranca tudo no seu caminho; a segunda é o calmo raio de sol que fura as trevas e desafia a violência da tempestade. O primeiro é como a queda das gotas inumeráveis e impotentes que numa cascata mudam sem cessar e não têm um instante de repouso; a segunda é o arco-íris que paira tranquilo acima deste tumulto desenfreado. – É apenas através desta contemplação pura e completamente absorvida no objeto que se concebem as ideias; a essência do gênio consiste em uma preeminente aptidão para esta contemplação; ela exige um esquecimento completo da personalidade e das suas relações; (...) o que se resume em perder completamente de vista os nossos interesses, a nossa vontade, os nossos fins: devemos durante um tempo, sair inteiramente da nossa personalidade, ser apenas o puro sujeito que conhece.”
Arthur Schopenhauer
O Mundo como Vontade e Representação
“A obra de arte é apenas um meio destinado a facilitar o conhecimento, conhecimento que constitui o prazer estético. Uma vez que concebemos mais facilmente a ideia através da obra de arte do que através da contemplação direta da natureza e da realidade, segue-se que o artista, já não conhecendo a realidade, mas apenas a ideia, apenas reproduz, igualmente, na sua obra a ideia pura; ele distingue-a da realidade, negligencia todas as contingências que poderiam obscurecê-la. O artista empresta-nos os seus olhos para ver o mundo. Possuir uma visão particular, libertar a essência das coisas que existe fora de todas as relações, eis o dom inato próprio do gênio; estar em estado de nos fazer aproveitar desse dom e de nos comunicar tal faculdade de visão, eis a parte adquirida e técnica da arte.”
Arthur Schopenhauer
O Mundo como Vontade e Representação