156 x 104,5 cm
156 x 98 cm
140 x 102 cm - VENDIDO
172 x 110 cm - VENDIDO
163 x 89 cm - VENDIDO
163 x 89 cm - VENDIDO
154 x 101 cm
154 x 101 cm
174 x 110 cm
128 x 82 cm
96 X 74 cm
126 x 94 cm
Série Circunscrição 127 x 107 cm
Série Circunscrição 96 X 74 cm
Série Circunscrição 96 X 74 cm
Série Circunscrição 96 X 74 cm
Série Circunscrição 96 X 74 cm
Madeiras Diversas de Garimpo, Tinta Acrílica e Areia de Lagoa 65 x 66 cm - VENDIDO
Madeiras Diversas de Garimpo, Tinta Acrílica e Areia de Lagoa 66 x 65 cm - VENDIDO
Madeiras Diversas de Garimpo, Tinta Acrílica e Areia de Lagoa
Madeiras Diversas de Garimpo, Tinta Acrílica 82 x 78 cm
RESINA
CERÂMICA
“Há uma tendência universal, entre os homens, de conceber todos os seres como eles próprios e de transferir para todo objeto as qualidades que conhecem familiarmente e de que estão intimamente cônscios”
Hume apud Freud
“De acordo com vários mitos, o Homem Cósmico não significa apenas o começo da vida, mas também o seu destino final, a razão de ser de toda a criação. “Todo cereal significa trigo, todo tesouro natural significa ouro, toda procriação significa Homem”, diz o sábio medieval Meister Eckhart. E se analisarmos essa observação do ponto de vista psicológico verificamos que ela está absolutamente certa. Toda realidade psíquica interior de cada indivíduo é orientada, em última instância, em direção a este símbolo arquetípico do self.
Em termos práticos, isso significa que a existência do ser humano nunca será satisfatoriamente explicada por meio de instintos isolados ou de mecanismos intencionais como a fome, o poder, o sexo, a sobrevivência, a perpetuação da espécie etc. Isto é, o objetivo principal do homem não é comer, beber etc., mas ser humano. Acima e além desses impulsos, nossa realidade psíquica interior manifesta um mistério vivo que só pode ser expresso por um símbolo; e, para exprimi-lo, o inconsciente muitas vezes escolhe a poderosa imagem do Homem Cósmico.”
Este trecho escrito por Marie Louise von Franz retirado da obra “O Homem e seus Símbolos” me ajuda a descrever mais precisamente o trabalho imagético que venho realizando, principalmente através desses totens, (mosaicos, esculturas... enfim) essas figuras de madeira que estão se dirigindo ao mundo através de mim. Penso: de onde vêm essas figuras? Existem aonde? O que são? Visto que venho cada vez mais pensando nas coisas sob uma perspectiva fenomenológica, ou seja, a partir da ideia de que a experiência fundamental é a experiência direta do corpo no mundo, tenho atribuído maior responsabilidade pelos eventos que decorrem da experiência humana, é claro, aos próprios humanos. Faço essa analise essencialmente a partir da minha própria experiência, onde me sinto diretamente responsável pela minha existência, experiência e a manifestação das minhas ideias no mundo. É para além da minha competência uma descrição assídua de todas as correlações e interdependências que decorrem das ações dos estímulos externos ao corpo, sobre o corpo, sobre o aparelho psicológico. Eu acredito na razão e na lógica e acredito ao mesmo tempo no ser humano de von Franz – visto o mundo como representação. Logo, vejo meu trabalho como a manifestação da minha capacidade/necessidade – expressão do logos – de ser humano frente ao coletivo humano. Vejo a minha expressão individual abrangendo um elemento fundamental do coletivo. O coletivo faz parte do ser humano de von Franz, o logos faz parte do coletivo. A sensação que tenho é de que estou a representar o Grande Homem; Purusha, por realmente acreditar que as respostas que sou capaz de dar aos estímulos do mundo estão absolutamente relacionadas ao logos e ao coletivo. Minha existência psíquica vem do logos e vai para o logos, que está fundamentalmente sobreposto ao coletivo. É um pressuposto fundamental para a cultura ocidental. A lógica torna-se uma manifestação do divino.
Acreditar na lógica e na razão inclui perceber os seus limites. A lógica é uma ferramenta bastante versátil, mas mesmo assim, não dá conta da contingência e da complexidade da natureza; da complexidade de, talvez então, Deus; resta dentro do aparelho psicológico.
Creio então que esses símbolos que estou criando no ateliê referem-se a coisas tais como características excepcionalmente humanas; conjuntos de características que podem inclusive vir a receber o nome de “Deus” – símbolos que ajudam a falar sobre Deus. É o potencial humano que me interessa: logo, a necessidade da conciliação com o passado e com a “sombra” junguiana; a conciliação com o corpo e com a urgência que o próprio responde aos estímulos do mundo. Ponho minha fé no indivíduo. Por isso recrio figuras arquetípicas; recrio heróis; ânima; ânimus; personifico o potencial, a perspectiva, a simultaneidade e a pluralidade; recrio deidades e semideuses arquetípicos – são as maneiras que a humanidade encontrou ao longo de toda sua história de representar a si mesmos, contar as histórias das suas vidas, ilustrar seus vícios e suas virtudes, suas inclinações, seus medos, fraquezas e força. Hoje eu acredito em histórias; tento ilustrá-las e contá-las. Linguagem propõe camadas e camadas de segredos e mistérios que vão muito além do que os olhos sem brilho da desencantada vida moderna precisam para que paulatinamente ela venha a perecer em torno de si mesma.
Através da minha obra eu convido o espectador a pensar na lógica, na razão, na história de sua própria vida e na sua relação com a comunidade através dos papéis que o próprio assume na sua relação com a vida.